segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Cidade das Fontes: VIII - Fonte de São Pedro, Maximinos

Fonte de São Pedro (outras fotos)
Ano de Construção: desconhecido
Freguesia: Maximinos
Água: fonte de água corrente e de potabilidade desconhecida
Estado de Conservação (de 1-mín. a 5-máx.): 1
Coordenadas: 41º32.751'N  8º26.115'E
Data da Visita: 23 de Janeiro de 2011

Embora desconhecendo o ano de construção, devemos estar a falar de uma das mais antigas fontes de Braga, eventualmente de origem romana. Desconhecida para a maioria dos Bracarenses, esquecida entre uns quintais do Bairro da CP e traseiras de prédios da Rua do Caires, desta fonte, hoje entregue ao abandono, diz-se ter água milagrosa, e que dela terá bebido o apóstolo Santiago quando por Bracara Augusta passou durante a evangelização da então província romana da Hispânia.

História
O local onde esta fonte está edificada, foi, no tempo de Bracara Augusta, certamente um importante local da cidade, nas imediações do então Fórum Romano (onde hoje se situa o Largo Paulo Orósio), e junto à saída para oeste da cidade, a então Via XX, neste local foi construído o Anfiteatro Romano que se julga encontrar soterrado sob urbanizações recentes.
Nos primórdios do cristianismo foi aqui construída a Igreja de São Pedro de Maximinos, igreja essa, a que Inácio J. Peixoto se refere nas suas memórias, escritas no século XVIII, como a mais antiga da cidade, vinda do tempo dos romanos, e que D. Gaspar de Bragança mandou destruir na segunda metade do século XVIII (este relato pode-se ler aqui). A Fonte de São Pedro deverá o seu nome à Igreja dedicada ao mesmo santo que existiu no local.
O Aquilégio Medicinal, escrito pelo médico de D. João V, Francisco da Fonseca Henriques, em 1726, faz a seguinte referência a esta fonte: “é muito boa, e tem os moradores por milagrosa, e a bebem em suas enfermidades, com muita fé, e esperança de que lhe aproveite, como muitas vezes sucede, e há tradição de que indo o apostolo Santiago aquela terra pregar a Fé Católica, bebera da dita fonte. Muita gente manda buscar esta água no dia de S. Pedro de manhã, e guarda como milagrosa”.
Toda esta envolvente histórica do local onde se encontra a fonte, assim como as lendas e tradições a seu respeito, corroboram a opinião de Francisco Sande Lemos, que aponta como romana a  provável origem desta fonte.

Construção
O Novo Aquilégio refere “A nascente encontrava-se abaixo do nível do solo. Descia-se por quatro degraus, onde a água jorrava de uma carranca muito gasta”. Actualmente, a bica, está quase submersa por água estagnada, já não se notando qualquer carranca. Observam-se os quatro degraus, mas que, devido a todo o recinto se encontrar inundado(?!), dificilmente permitem o acesso à bica. Temos  alguma dificuldade em perceber como seria a fonte quando esta se encontrava em bom estado e se se encontra realmente inundada. No entanto toda esta fonte, se encontra, agora, praticamente ruína, havendo várias pedras soltas e o pequeno recinto a ameaçar desmoronamento.

Água
Da milagrosa água bebida por Santiago, e em tempos tão utilizada pela população, não existe qualquer informação no local. O Novo Aquilégio refere esta água como "fracamente mineralizada, cloretada e sulfatada e com propriedades digestivas", refere também que se encontra provavelmente contaminada com nitratos.

Nos dias de hoje
Caída no esquecimento, situada junto a um silvado, entre um enorme muro de betão e uma linha de comboio, engolida por vegetação, e com um elevado estado de degradação é grande o martírio pelo qual esta fonte passa. Quem a poderá visitar, como conhecimento de causa, sem voltar triste para casa? Será difícil que algo com a história e tradição que está associada a esta fonte, seja um importante ponto de interesse turístico e patrimonial da cidade?  Será impossível imaginar turistas vir a Braga beber água de uma fonte por onde Santiago também bebeu? Não orgulharia qualquer Bracarense dizer que na sua terra pode beber água de uma fonte provavelmente romana?
Somos uma cidade com um riquíssimo património, mas não o suficiente para nos darmos ao luxo de deixar a Fonte de São Pedro no estado em que se encontra.



 Bibliografia

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