segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Cidade das Fontes: X - Fonte de São Vicente

Fonte de São Vicente
Ano da Construção: Segunda metade do séc. XIX?
Freguesia: São Vicente
Água: N/A (está seca)
Estado de Conservação (de 1-mín. a 5-máx.): 2
Data da Visita: 11 de Julho de 2010

Uma das fontes que, actualmente, é mais discreta em todo o Centro de Braga, é a Fonte de São Vicente. Tal facto não se deve a características da sua construção, dado que, não sendo espectacular ou singular, não deixa de ter potencial para marcar o quotidiano Bracarense de forma bem mais intensa. O que se passa é que a Fonte de São Vicente é mais uma a que foi retirado o seu "sangue" - foi-lhe cortada a água, e, além disso, foi mutilada através da retirada do seu tanque! Também contribui para a sua discrição o facto de se localizar num sítio cujo movimento pedonal é sobretudo feito por moradores da zona e, não obstante a fonte ser adjacente ao adro da Igreja de São Vicente, a verdade é que se encontra a um nível abaixo da igreja, na Rua Conselheiro Januário, escondendo-se dos transeuntes que passam pela Rua de São Vicente.
Importa, portanto, desvendar o invisível véu que parece estar estendido sobre a Fonte de São Vicente.

História
Não tendo encontrado qualquer referência acerca desta fonte, a não ser breves palavras de Domingos Araújo, no seu livro "Fontes de Água" (página 90), a Fonte de São Vicente, no futuro, será decerto objecto de actualizações no âmbito deste blogue.
A Fonte de São Vicente é datada, provavelmente, da segunda metade do século XIX, dadas as parecenças com outras fontes da mesma época. Arriscamos uma previsão mais concreta: terá sido construída, provavelmente, antes do final de década de 60 do século XIX, dado que em 1868/69 foi construída a Fonte de São Vítor e, esta, foi das últimas a serem construídas, no espaço urbano do concelho, para abastecimento de água, objectivo decerto partilhado pela presente Fonte de São Vicente.

Construção
A Fonte de São Vicente é um chafariz de espaldar, em granito, actualmente com alguns remendos em cimento (com visibilidade excessiva) 
É constituída por um tanque rectangular; uma bica metálica que está no centro dum relevo aparentando uma folha de árvore com forma de estrela de oito pontas, relevo esse que comporta em si outro que aparenta as pétalas - em número de oito - duma flor; um relevo em forma de brasão, sem inscrições, aparentando ter servido de fundo para hipotéticas inscrições em metal (a exemplo de chafarizes parecidos) que aí terão estado penduradas, conforme atestam também dois furos no granito, que terão servido para aí serem cravadas; relevos, aparentando folhas em compridos e finos caules (parecidos com os do salgueiro-chorão), que se iniciam a meio da parte superior do espaldar e que, em forma de "Y" arredondado e invertido, percorrem parte do perímetro do espaldar, envolvendo o chafariz e que, a encimar as parte verticais, têm uma argola de cada lado; uma urna a encimar toda a construção, além da respectiva base; um degrau de acesso que, todavia, se encontra actualmente ao nível do passeio.


Água
A água que saía da Fonte de São Vicente seria, provavelmente, proveniente da Caixa de Água existente no adro da Igreja de São Vicente. Esta Caixa de Água, relativamente à qual encontramos diversas referências, será objecto de estudo num futuro próximo e, esperamos, tal investigação há-de-nos permitir clarificar também a origem da água desta fonte.
Infelizmente, como já referido mais acima, a água, hoje em dia, não corre mais pela bica da Fonte de São Vicente.


Hoje em dia
Actualmente, a Fonte de São Vicente está gravemente mutilada pois, além de lhe ter sido cortada a água, foi-lhe retirado o tanque. Não sabemos quando terão ocorrido essas duas intervenções e agradecemos que, quem saiba, enriqueça esta compilação de informação. 
De qualquer modo, essas duas ocorrências fazem-nos pensar no seguinte: nas últimas décadas, as fontes, como outras construções, em Braga, parecem ter sido encaradas (e ainda o parecem ser) apenas como entraves à prossecução de objectivos a atingir, como por exemplo, a intensificação da urbanização de determinado local. Que fique claro: não somos contra tais objectivos, tantas vezes também desvalorizados por outros! Mas os mesmos têm obrigatoriamente que ser levados a cabo com o devido respeito pelo património. E, na maior parte das situações, tal respeito pelo património não envolve custos de elevado montante. 
Colocamos a hipótese de, à Fonte de São Vicente, ter sido retirado o tanque por dois motivos ou por um dos dois:
  • para não obstruir a passagem no passeio, num ponto de estreitamento da larga rua, de forma a permitir trânsito automóvel nos dois sentidos;
  • para não acumular lixo.
Ora, caso tenha sido o primeiro caso, não parece que tenha sido uma boa opção, pois a via tem largura suficiente para dar mais 1m de largura ao passeio. Se tiver sido o segundo caso, então este é mais um caso em que se opta por uma "não-política", por uma desresponsabilização que, na nossa opinião, mais não é que uma irresponsabilização. Poupar dinheiro em demasia na gestão corrente sai caro a longo prazo.
O nosso desejo é que as entidades responsáveis devolvam a vida à Fonte de São Vicente e que lhe garantam a devida manutenção!... A exemplo de outras exemplares intervenções que também já demonstraram serem capazes de fazer, corrigindo erros passados.


Bibliografia
  • Nada a assinalar

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