Fonte da Rodovia (outras fotos) |
Freguesia: São Vítor
Coordenadas: 41º32.971'N 8º24.819'E
Água: N/A (está seca)
Estado de Conservação (de 1-mín. a 5-máx.): 2
Data da Visita: 07 de Fevereiro de 2011
Na "margem" da Avenida João XXI - principal avenida da comummente chamada "Rodovia", especificamente do lado direito do sentido Oeste-Este ou Avenida da Liberdade-Bom Jesus, exactamente do lado oposto da Rodovia em relação à Rua da Restauração (e ao Centro de Tomografia de Braga), descobre-se a fonte a que entendemos chamar de Fonte da Rodovia.
Esta fonte tem sido votada ao abandono, sobretudo nos últimos 15-20 anos. Lembramo-nos de beber da mesma em 1993 ou 1994, mas já há vários anos que está seca e progressivamente sofrendo com o desleixo com que entendem fazê-la sofrer.
A Fonte da Rodovia terá tido uma outra localização original, dado que terá sido construída para substituir uma anterior, situada nas traseiras da Igreja da Senhora-a-Branca. Posteriormente, terá sido trasladada para a actual localização, a cerca de 320m a Sudeste, em linha recta, quando se abriu a Rua da Restauração.
Fazemos votos e estamos dispostos a contribuir para que, num futuro o mais próximo possível, a Fonte da Rodovia volte a cumprir a sua contínua missão de refrescar e encantar quem passa na Rodovia, contribuindo para que seja "Bom viver em Braga", num troço da Avenida João XXI que nos parece estar a carecer de particular atenção em termos de reabilitação, no que respeita à parte pedonal.
História
Segundo Domingos Araújo, no seu livro "Fontes de Água" (páginas 76 a 78), a Fonte da Rodovia (a que o autor chama "uma fonte esquecida") terá tido como localização original as traseiras da Igreja da Senhora-a-Branca, e terá sido construída para suceder a uma fonte anterior, que entretanto deixara de oferecer as condições adequadas aos cidadãos. Relativamente a essa antiga fonte, Domingos Araújo defende que "pelas descrições que dela se fizeram (...) deveria ser muito semelhante a outras construídas nessa época". A época de construção da primitiva fonte seria, provavelmente, no XVI, até 1532 (ano da morte do Arcebispo de seguida mencionado) , dado ter sido nesse período que foi igualmente construída a Igreja da Senhora-a-Branca, era Dom Diogo de Sousa o Arcebispo de Braga.
Aconselhamos vivamente a consulta do supracitado livro de Domingos Araújo, a propósito de todo o seu conteúdo e, quanto à antiga fonte em causa, o livro apresenta uma descrição da mesma, transcrevendo a partir do "Primeiro livro do tombo dos bens e propriedades e foros e pensões do Senado da Câmara secular desta cidade" (1737) - Arquivo Municipal de Braga.
Já a actual fonte, a crer que tenha sido construída para substituir a primeira, terá sido criada, provavelmente, na década de 40 do século XIX, dado que terá existido "uma reclamação dos moradores deste largo (Senhora-a-Branca?) apresentada em 1840 na Câmara Municipal, a propósito do mau funcionamento da fonte que aí havia" [Livro das Vereações (Dezembro de 1840) - Arquivo Municipal de Braga In "Fontes de Água", de Domingos Araújo] e, segundo este autor, "não demorou muito para que a Câmara envidasse esforços no sentido de suprir tal problema, mandando construir uma nova fonte em substituição da que lá estava". O autor defende que a actual fonte terá sido trasladada para a actual localização aquando da abertura da Rua da Restauração.
Aconselhamos vivamente a consulta do supracitado livro de Domingos Araújo, a propósito de todo o seu conteúdo e, quanto à antiga fonte em causa, o livro apresenta uma descrição da mesma, transcrevendo a partir do "Primeiro livro do tombo dos bens e propriedades e foros e pensões do Senado da Câmara secular desta cidade" (1737) - Arquivo Municipal de Braga.
Já a actual fonte, a crer que tenha sido construída para substituir a primeira, terá sido criada, provavelmente, na década de 40 do século XIX, dado que terá existido "uma reclamação dos moradores deste largo (Senhora-a-Branca?) apresentada em 1840 na Câmara Municipal, a propósito do mau funcionamento da fonte que aí havia" [Livro das Vereações (Dezembro de 1840) - Arquivo Municipal de Braga In "Fontes de Água", de Domingos Araújo] e, segundo este autor, "não demorou muito para que a Câmara envidasse esforços no sentido de suprir tal problema, mandando construir uma nova fonte em substituição da que lá estava". O autor defende que a actual fonte terá sido trasladada para a actual localização aquando da abertura da Rua da Restauração.
Construção
A Fonte da Rodovia é um chafariz de espaldar, em granito, actualmente com alguns remendos em cimento e datado, provavelmente, da década de 40 do século XIX. É constituída por um tanque rectangular, uma bica metálica da qual pouco resta, um degrau de acesso, sendo decorada com relevos e com uma figura de feições humanas, resultantes da conjugação de diversos elementos aparentemente da Natureza, como por exemplo uma concha a servir de testa.
Água
Quando a fonte estava nas traseiras da Igreja da Senhora-a-Branca, a crer que assim terá sido, a fonte seria alimentada por uma nascente de água que aí existia e que, antes da construção da primitiva fonte, se revelaria por um charco. Decerto, tal nascente ainda existirá, provavelmente canalizada; portanto, passível de ser aproveitada.
Quanto à água que jorrava da Fonte da Rodovia já na sua localização actual, que em tempos constituía imediações da Quinta de Sotto Mayor. Infelizmente, e é já um lugar-comum nas fontes de Braga desde os últimos 10-20 anos, a fonte está seca. Não sabemos precisar exactamente desde quando, mas lembramo-nos de dele beber em 1993 ou 1994 e temos alguma noção que, mesmo alguns anos depois, a fonte continuava a brotar água.
A qualidade da água não era conhecida. Provavelmente, seria de qualidade, pois era absolutamente normal as pessoas beberem dela, mas talvez tivesse também algum item que ultrapassasse o indicado para a saúde humana, mas estas ideias não passam de suposições.
Não descortinamos qual terá sido a causa do corte de água, tal como em todos os outros (imensos) casos idênticos: se terá sido uma (triste) opção para evitar mau uso ou se, por outro lado (mais grave), a água terá sido, porventura, desviada/cortada/inutilizada por construções limítrofes ou por algum privado.
Analisando as construções mais recentes da área envolvente, deparamo-nos com algumas hipóteses, umas mais prováveis que outras, que podem ter sido decisivas para o corte de água, caso o mesmo se deva a alguma construção:
Quanto à água que jorrava da Fonte da Rodovia já na sua localização actual, que em tempos constituía imediações da Quinta de Sotto Mayor. Infelizmente, e é já um lugar-comum nas fontes de Braga desde os últimos 10-20 anos, a fonte está seca. Não sabemos precisar exactamente desde quando, mas lembramo-nos de dele beber em 1993 ou 1994 e temos alguma noção que, mesmo alguns anos depois, a fonte continuava a brotar água.
A qualidade da água não era conhecida. Provavelmente, seria de qualidade, pois era absolutamente normal as pessoas beberem dela, mas talvez tivesse também algum item que ultrapassasse o indicado para a saúde humana, mas estas ideias não passam de suposições.
Não descortinamos qual terá sido a causa do corte de água, tal como em todos os outros (imensos) casos idênticos: se terá sido uma (triste) opção para evitar mau uso ou se, por outro lado (mais grave), a água terá sido, porventura, desviada/cortada/inutilizada por construções limítrofes ou por algum privado.
Analisando as construções mais recentes da área envolvente, deparamo-nos com algumas hipóteses, umas mais prováveis que outras, que podem ter sido decisivas para o corte de água, caso o mesmo se deva a alguma construção:
- Tribunal e parque de estacionamento subterrâneo da Praça da Justiça - em 1994 estavam a ser construídos e a fonte ainda brotava e, além disso, localizam-se alguns metros de altitude abaixo da fonte (embora o parque de estacionamento tenha vários andares subterrâneos)... Consideramos pouco provável serem responsáveis, além de ainda se encontrarem a uma razoável distância da fonte (entre 100m e 200m em linha recta);
- Prédios entre a Rua Francisco Duarte e a Praceta Luís Almeida Braga - pela proximidade também são suspeitos;
- Abertura de pequena rua para fazer a ligação entre a Avenida João XXI e a Praceta Luís Almeida Braga e Rua Francisco Duarte - parece-nos uma hipótese mais viável pela proximidade (cerca de 30m), mas menos pelo facto de a construção não comportar, julgamos, grande escavação susceptível de atingir a condução de água. Todavia, é uma opção a ter em conta;
- Túnel rodoviário ao longo da Avenida João XXI, cruzando a Avenida 31 de Janeiro - parece-nos o principal suspeito, pelos metros de escavação e pela grande proximidade com a fonte (entre 60m e 200m);
- Centro de Tomografia de Braga - este centro de exames médicos de diagnóstico fez as suas instalações através da recuperação duma antiga vivenda a cerca de 40m da fonte (do outro lado da Rodovia, na esquina da Rua da Restauração com a Avenida João XXI). As obras que o edifício sofreu talvez não tenham sido significativas, e há que ter em conta que já antes aí existia uma casa e a água brotava da fonte, mas entra no rol dos suspeitos pela proximidade e por não ter altitude mais baixa que a fonte.
Seja qual tiver sido o causador do corte de água na Fonte da Rodovia, tenha sido consequência de uma qualquer obra ou de uma simples opção (pública ou privada, neste segundo caso, abusivamente) ou de desleixo na manutenção, consideramos que o fluxo de água original deve ser reposto e que, caso o corte tenha ocorrido devido a uma obra, o dono da obra e o executante deveriam ter tido a responsabilidade de assegurar que, após a obra, a envolvente não perderia o que tinha antes, e de contabilizar os respectivos custos, caso não o tenham feito.
Consideramos que o corte de água nas fontes deverá ser completamente posto de parte que o mesmo não se justifica com questões de má utilização da fonte por parte de pessoas menos cientes da sua responsabilidade enquanto cidadãos.
Consideramos que o corte de água nas fontes deverá ser completamente posto de parte que o mesmo não se justifica com questões de má utilização da fonte por parte de pessoas menos cientes da sua responsabilidade enquanto cidadãos.
Hoje em dia
Actualmente, a Fonte da Rodovia encontra-se votada ao desleixo e as marcas de degradação têm-se acentuado, prova da sua aceleração. A construção costuma conter algum lixo - e não conterá mais por se encontrar ainda a alguns metros do passeio, o espaço envolvente está transformado num estacionamento para moradores realizado num terreiro ou numa área com brita, colocado onde havia espaço verde, com excepção de parte imediatamente à direita à fonte, onde ainda ressalta verde entre pedras e terra, mas sem a mínima manutenção ou cuidado.
A água há anos (não sabemos quantos) que não passa pela fonte.
A Fonte da Rodovia anseia por manutenção, sob pena de rapidamente se deteriorar irremediavelmente.
Como diz Domingos Araújo, esta é "uma fonte esquecida". Acrescentamos nós que, está votada ao esquecimento, como tantas outras. E o desleixo é cruel para tudo, para o Bem Comum em especial, como é o caso das fontes também.
A água há anos (não sabemos quantos) que não passa pela fonte.
A Fonte da Rodovia anseia por manutenção, sob pena de rapidamente se deteriorar irremediavelmente.
Como diz Domingos Araújo, esta é "uma fonte esquecida". Acrescentamos nós que, está votada ao esquecimento, como tantas outras. E o desleixo é cruel para tudo, para o Bem Comum em especial, como é o caso das fontes também.
Bibliografia
- “Fontes de Água”, de Domingos Araújo
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarFelizmente, a "Fonte Esquecida" deixou de estar, e regressará a sua primeira "casa" (localização), um novo capítulo de uma já longa, história!
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