segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Cidade das Fontes: I - Fonte das Águas Férreas

Fonte das Águas Férreas (Foto de JGBarbosa)
Ano da Construção: 1773
Freguesia: Fraião
Coordenadas:  41º32.502'N   8º23.951'E
Estado da Água: Água abundante corrente e potável (com análises)
Estado de Conservação (de 1 a 5): 5
Data da Visita: 18 de Julho de 2010

A Fonte das Águas Férreas, é, talvez, nos dias de hoje, a fonte mais usada pela população bracarense para se abastecer de água para consumo. Num hábito que remonta a tempos antigos, onde a população se abastecia de água nas fontes da cidade, a Fonte das Águas tem por vezes longas filas de espera para encher garrafões.

História
Esta fonte está referida como construída durante o pontificado, na arquidiocese de Braga, de D. Gaspar de Bragança, irmão do Rei D. João V. Conforme o registo no Livro de Termo de Arrematação das Rendas de 1769-1791, Folha 49 e 49v, de 30 de Junho de 1773, da Câmara Municipal de Braga, esta obra foi iniciativa do Senado desta Câmara "para asseio e resguardo e pudor do povo com maior comodidade servir-se da água férrea novamente descoberta". Há relatos que à fonte chegava gente de toda a região, com vista a utilizar esta água medicinal para a cura de problemas de saúde relacionados com a carência de ferro.
A fonte encontrava-se inicialmente no topo antigamente denominado “Campo de Bouços”, um verdejante campo, cruzado por diversos ribeiros, sendo que as escorrências da fonte seriam conduzidas para o denominado ribeiro de Dadim, que não só irrigava parte de Fraião e Lamaçães como também os terrenos de Santa Tecla. 


Construção
Esta fonte consiste numa bica localizada a cerca de três metros abaixo do nível do solo, num bonito pátio murado a granito, com acesso por escadas. A água, que cai numa concavidade ao nível do chão, jorra de uma bica de metal incrustada numa carantonha, sob um nicho construído num estilo barroco em granito da região.


Água
As suas águas eram consideradas de natureza ferrosa, o que as tornava indicadas para o tratamento de anemias, o que levou a que, como já foi referido, a fonte, desde a sua construção tivesse atraído gentes das redondezas em busca de cura para as suas maleitas. Infelizmente, desde 1997, quando a fonte mudou de local, passou a jorrar água com origem noutra nascente que não a das “águas férreas”.
Segundo a placa comemorativa da reinstalação da fonte, a água que hoje podemos beber nesta fonte, define-se como “…uma água hipotermal, cloretada sódica, com teores em ferro extremamente baixos, pelas suas características, a mesma pode ser considerada uma água mineral natural.", diferente portanto das águas férreas que no passado a caracterizavam.

No início dos anos 90 do século passado, escrevia o Professor Manuel de Oliveira Faria: “As Águas Férreas, com o seu dossel de amoras, bica sussurrante e banco de pedra ao lado, onde as cachopas anémicas vinham beber e acerejar as faces, fonte mineral de tanto interesse para a hidrologia histórica de Braga, acabarão por sucumbir nas caves (ou mesmo à ilharga) de um monstruoso edifício”. Felizmente não teve toda a razão, e apesar de já não podermos usufruir das ancestrais águas férreas, podemos ainda visitar esta bela fonte e beber nela uma água de qualidade.


Hoje em dia
Com a construção de uma grande superfície comercial naqueles terrenos, a fonte foi deslocada cerca de 50m desde a sua nascente original, onde se encontra agora a rotunda entre a Staples e o Minho Center, para o local onde agora se encontra desde 1997. No entanto, apesar de a fonte ser a mesma, a sua nascente da água que por ela agora jorra é diferente, já que ao invés da água ter origem na sua nascente original, tem agora origem numa nascente situada 200 metros a sul da sua localização actual.
Nos dias de hoje a fonte é ainda um local agradável, apesar das condicionantes arquitectónicas, sendo as suas águas sujeitas a análises periódicas (devidamente afixadas nas imediações) que, tal como a sua manutenção têm estado ao cuidado da Junta de Freguesia de Fraião.


Bibliografia
Manuel de Oliveira Faria; “Braga em flashes de memória”
Alberto S. Lima; Jorge V. Pamplona; Carlos S. Alves; Manuel O. Silva: “OCORRÊNCIA DISCRETA DE ÁGUAS FÉRREAS EM FRAIÃO-BRAGA, NW DE PORTUGAL: MODELO HIDROGEOLÓGICO CONCEPTUAL”

1 comentário:

  1. Pois é. A actual fonte nada tem de férrea.
    O nome apenas deriva de uma promessa política feita pelo Eng. Mesquita Machado, cuja reputação, para mim, deixa muito a desejar em termos de integridade.

    A água é boa, foi "descoberta" pelos geólogos da UM, Doutor Alberto Lima e Doutor Jorge Pamplona. O nome é mais uma esperteza da CMB.
    Por: José Menezes

    ResponderEliminar