domingo, 8 de janeiro de 2012

rivalidades bacocas

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No fim da passada semana, o Jornal de Notícias noticiou que Guimarães teve em 2010 menos cerca de 58% de dormidas hoteleiras do que Braga, cita também uma frase de André Coelho Lima, vereador do PSD na CMG dizendo “Há 80 anos Guimarães tinha o dobro dos turistas de Braga, hoje nem metade”.
Esta notícia terá provocado o gaudio de alguns bracarenses que encontram aqui mais uma arma de arremesso na rivalidade bacoca com a cidade de Guimarães. Por outro lado, o PSD vimaranense tenta aproveitar a dita rivalidade com Braga, para obter ganhos políticos. No meio disto o JN dá a notícia da forma que mais lhe interessa, dentro da sua linha editorial de defesa da cidade do Porto.

Isto não é futebol! Estamos a falar de política, da projeção de duas cidades que a história fez irmãs e de onde nasceu um país, de empregos e condições de vida para os nossos conterrâneos. Quem gosta de brincar aos marroquinos e espanhois, tem dois jogos de futebol por ano para fazer figuras tristes. É grave que nos deixemos tomar por sentimentos primários que perpetuam a mediocridade, dividindo-nos para reinar.
Já há algum tempo atrás aludi neste espaço aos números do INE sobre turismo, apontando que num contexto geral de aumento de turismo em Portugual e na dita “Região Norte”, Guimarães, Braga e Viana apresentaram de 2009 para 2010 uma diminuição do número de dormidas, enquanto que o Porto registou um significativo aumento. Senão vejamos, segundo os dados do INE, o número de dormidas em estabelecimentos hoteleiros teve de 2009 para 2010 na “região norte” uma variação positiva de quase 4%. No mesmo período de tempo as dormidas no grande Porto aumentaram mais de 10%, enquanto em Guimarães, Braga e Viana tiveram decréscimos de respetivamente, 0.2%, 2% e 20%. Vemos assim que o Porto não só absorveu o aumento das dormidas dos visitantes, como também foi “roubar” às três importantes cidades minhotas, algo que não pode ser dissociado da reorganização das regiões de turismo e da criação da região “Porto-Norte de Portugal”.
Face a estes números atrás relatados, o que é que se discute? Quem tem mais turistas, se Braga se Guimarães! O Minho tem que se assumir como um todo, porque só assim tem força para contrariar a brutal hegemonia centralista do Porto que se verifica no turismo como em tantas outras áreas. Foi há conta das rivalidades bacocas, que temos uma estrutura de autoestradas radial em torno do Porto, muitas delas grátis até há bem pouco tempo, enquanto para ligar Guimarães, Braga e Barcelos, pagamos portagens a peso de ouro. Poderia continuar por largas páginas, aludindo por exemplo à inexistência de autoestrada entre as duas capitais minhotas, ou às anacrónicas ligações ferroviárias entre as principais cidades minhotas, passando pelo ostracismo a que o Minho é votado na comunicação social ou pela distribuição de dinheiros europeus ou estatais a norte.
Continuemos todos contentes a brincar aos marroquinos e espanhóis enquanto bebemos um vinho do porto. Vamos certamente no bom caminho.

JG Barbosa

1 comentário:

  1. Concordo por inteiro e brevemente também escreverei neste sentido no Blogue Braga On. Já tinha relatado num Fórum que o JN tinha feito uma não noticia escamoteando a verdadeira notícia, eis que no Minho de uma não notícia se fazem várias.

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