Há cerca de uma semana e meia chegamos ao ano de 2012, o ano de toda a austeridade, mas que segundo os melhores oráculos dos tempos modernos, será o ano em que sairemos da crise. A crise, a crise que nos acompanha há anos, mas que este ano teve uma nova vítima, a passagem de ano que era tradicionalmente organizada pela Câmara Municipal de Braga (CMB), nas ruas da cidade.
Esta medida foi do meu ponto de vista um erro. Não aproveitar o ano da Capital Europeia da Juventude (CEJ) para organizar um evento que rompesse com os taciturnos eventos do passado, e com uma passagem de ano centrada em diversas festas privadas para os jovens e em casa para os menos jovens. Sinto que se perdeu uma boa oportunidade para dar à cidade à cidade uma festa para todos e um momento de convívio que rareia no calendário bracarense. Guimarães aproveitou o início de 2012 e da sua Capital Europeia da Cultura, para chamar gentes para a rua na passagem de ano, associando-a a inovadores espetáculos de luzes, a cidade do Porto, manteve também a sua sempre concorrida passagem de ano na rua, assim como Caminha. Faz então sentido que nada aconteça nas ruas do centro do mais jovem concelho de Portugal, e que até é este ano CEJ?
Esta questão da passagem de ano parece-me que se insere num contexto mais geral, da escassez de eventos e contextos de convívio na cidade de Braga. É certo que existem vários bares/discotecas, mas por diversas razões quê se prendem com a sua dispersão geográfica e condições de acesso acabam por ser pontos de convívio mais ou menos restritos a pequenos grupos, faltando “momentos de festa” para todos, um pouco à imagem do que acontece na véspera de Natal no bananeiro. Aliás penso até, que grande parte do enorme sucesso deste evento se prende com a necessidade que os cidadãos têm deste tipo de eventos.
Serve isto para dizer, que espero que a CEJ seja o momento para a dinamização de diferentes momentos e contextos de socialização, não só entre jovens como intergeracional. Nos tempos difíceis que vivemos, a socialização e o convívio são instrumentos poderosos para lutar contra o individualismo e a falta de confiança que proliferaram com a degradação das condições de vida de toda a sociedade.
JGusman Barbosa
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