quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Passou o ano e nada se passou

Há cerca de uma semana e meia chegamos ao ano de 2012, o ano de toda a austeridade, mas que segundo os melhores oráculos dos tempos modernos, será o ano em que sairemos da crise. A crise, a crise que nos acompanha há anos, mas que este ano teve uma nova vítima, a passagem de ano que era tradicionalmente organizada pela Câmara Municipal de Braga (CMB), nas ruas da cidade.

Na realidade, as passagens de ano de rua na cidade de Braga ao longo dos últimos anos, foram sempre muito pouco apelativas, nas que estive presente, tiveram espetáculos bastante medíocres. Com a presença de grupos musicais nacionais ou espanhóis sem grande nível, foram sempre eventos que passaram ao lado da cidade, perpetuando-se neste moldes por alguns anos. Dada a falta de chama neste evento, a CMB viu nele algo a cortar no sentido da contenção dos gastos nas comemorações da quadra festiva que atravessamos.

Esta medida foi do meu ponto de vista um erro. Não aproveitar o ano da Capital Europeia da Juventude (CEJ) para organizar um evento que rompesse com os taciturnos eventos do passado, e com uma passagem de ano centrada em diversas festas privadas para os jovens e em casa para os menos jovens. Sinto  que se perdeu uma boa oportunidade para dar à cidade à cidade uma festa para todos e um momento de convívio que rareia no calendário bracarense. Guimarães aproveitou o início de 2012 e da sua Capital Europeia da Cultura, para chamar gentes para a rua na passagem de ano, associando-a a inovadores espetáculos de luzes, a cidade do Porto, manteve também a sua sempre concorrida passagem de ano na rua, assim como Caminha. Faz então sentido que nada aconteça nas ruas do centro do mais jovem concelho de Portugal, e que até é este ano CEJ?

Esta questão da passagem de ano parece-me que se insere num contexto mais geral, da escassez de eventos e contextos de convívio na cidade de Braga. É certo que existem vários bares/discotecas, mas por diversas razões quê se prendem com a sua dispersão geográfica e condições de acesso acabam por ser pontos de convívio mais ou menos restritos a pequenos grupos, faltando “momentos de festa” para todos, um pouco à imagem do que acontece na véspera de Natal no bananeiro. Aliás penso até, que grande parte do enorme sucesso deste evento se prende com a necessidade que os cidadãos têm deste tipo de eventos.

Serve isto para dizer, que espero que a CEJ seja o momento para a dinamização de diferentes momentos e contextos de socialização, não só entre jovens como intergeracional. Nos tempos difíceis que vivemos, a socialização e o convívio são instrumentos poderosos para lutar contra o individualismo e a falta de confiança que proliferaram com a degradação das condições de vida de toda a sociedade.

JGusman Barbosa

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