segunda-feira, 9 de maio de 2011

Cidade das Fontes: XXII - Fonte do Mundo

Fonte do Mundo
(outras fotografias)
Ano de Construção: Século: XVIII ?
Freguesia: São Vicente
Estado da Água: Água corrente e de potabilidade desconhecida
Estado de Conservação (de 1 a 5): 2
Coordenadas: 41º33.476’N    8º25.243’O
Data da Visita: 1 de Abril de 2011

Quando conjuntamente com os outros titãs, Atlas atacou Zeus no Olímpo, não imaginou o castigo que lhe estava destinado, depois de vencer a batalha Zeus decidiu castigar os seus inimigos, a Atlas coube-lhe o castigo de carregar a esfera celeste, para toda a eternidade. Como se não bastasse o martírio de carregar tal peso até aos fins dos tempos, Atlas foi também sujeito ao esquecimento e vandalismo, enquanto jorrando água pela boca, é figura central de uma das mais bonitas fontes da cidade de Braga, situada no lugar das Fontainhas, na freguesia de São Vicente.
   
História
A história de Atlas, figura mitológica Grega, representada na Fonte do Mundo, é sobejamente conhecida, no entanto, não é muito comum entre nós, ver representações de figuras mitológicas. Apesar disso, devemos ter em mente que, aquela que é talvez a mais famosa fonte europeia, a Fontana di Trevi (em Português, Fonte dos Trevos) em Roma, construída no século XVIII, de arquitectura de estilo barroco, tem como figura central Neptuno (Deus do mar)
A Fonte do Mundo, é um dos exemplos de fontes que se encontravam em domínios privados, e devido à expansão urbana, tornaram-se acessíveis à população. A Fonte do Mundo, pertencia à Quinta do Grade, uma quinta cujo seu portão se encontrava na R. Conselheiro Januário em frente às escadas que dão para o adro da igreja de S.Vicente. Luís Dias Costa, refere num dos seus blogues que segundo alguns a Fonte do Mundo, faria parte da chamada “Casa de Refresco” de Dom José de Bragança, onde este Arcebispo costumava presentear aqueles que o visitavam com uma espécie de merenda, a que chamavam “refresco”.  Com base nesse pressuposto, poderíamos admitir que a Fonte do Mundo foi feita durante o seu pontificado, durante o século XVIII, mas não encontramos informação que confirme esta suposição.
Sobre a descoberta e a salvaguarda da Fonte do Mundo, Luís Dias Costa refere:
“Há anos, foi a direcção da ASPA, alertada pelo falecido sócio Dr. Artur Ferreira, que na quinta das traseiras da sua morada estava lá escondida por muitas silvas, arbustos, japoneiras e ervas um fontanário desconhecido de quase toda a gente. Logo no primeiro sábado a direção da ASPA, juntamente com o citado sócio e ainda pelo saudoso amigo Tenente Coronel Francisco Ogando se deslocou ao lugar para ver o achado e logo ali o amigo Ogando se prontificou a conseguir junto do quartel militar um grupo de soldados para limpar o que se fez, ponto a descoberto mais um monumento barroco da cidade. Limpo o terreno, depararam-se vários elementos dispersos pertencentes a todo o conjunto. Logo se tratou de o divulgar e tratou-se de se fazer um estudo da peça.”
    
Construção
A imagem de Atlas segurando a esfera celeste, situa-se num nicho ao fundo daquilo que terá sido uma casa, que agora se encontra sem cobertura. Esta construção, encontra-se agora, abaixo do nível do solo, para ela, desce-se a partir de uma das duas escadas graníticas laterais, colocadas de cada um dos lados. Da fachada, fazem parte duas janelas e uma porta, existindo uns pequenos bancos junto às janelas no interior daquilo que já foi uma casa. Ainda no seu interior, existem dois bancos graníticos, corridos junto às paredes, que serviriam de repouso neste refrescante local.
A fonte, propriamente dita, está num nicho na cabeceira da construção, Atlas é uma estátua trabalhada com cerca de um metro de altura. A esfera celeste que segura, tem trabalhados símbolos de quatro das doze constelações do zodíaco: gémeos, touro, carneiro e aquário, ao qual se junta uma ampulheta, simbolizando o tempo. Atlas, jorra água a partir da boca, para uma taça trabalhada em granito, sobre a qual se encontra a escultura. As águas que caem sobre a taça, escorrem depois para uma canalização de pedra, que atravessando toda a casa pelo seu centro, leva a água até a um tanque situado no exterior, na zona frontal da casa, funcionando como espelho de água. 

Água
Da água que jorra abundantemente, não se conhece a potabilidade, existindo no local uma placa indicando não se tratar de uma água controlada. Já ouvimos no entanto relatos que não há muitos anos esta fonte era usada para consumo por parte da população, desconhecemos no entanto se hoje esse hábito se mantém.

Hoje em dia
Pena é a palavra que representa o sentimento que ocorre acerca desta fonte, nos dias de hoje. O que poderia ser um ponto de interesse turístico de Braga, não está completamente ao abandono mas, ainda assim o seu estado de conservação é deplorável. A estátua de Atlas está partida, não tem braços, a sua pedra, está extremamente suja com musgo, assim como a taça onde a água cai, o tanque está vazio, e bastante sujo também, a aliar a isso, criaturas com medo que o mundo se esqueça que elas existem, gostam de grafitar os seus nomes nas paredes, e até já houve quem pintasse o cabelo de Atlas de vermelho.
Se nenhuma autoridade tem culpa que vândalos destruam o que é de todos, tem culpa em pôr-se a jeito que tal aconteça, deixando ali o património desprotegido, contentando-se em de vez em quando voltar a pintar as paredes de branco.
Algo poderia ser pensado para a Fonte do Mundo, pois é um espaço que, apesar da envolvente, com edifícios de grande volumetria, se fosse cuidado e restaurado, poder-se-ia tornar um local de visita na cidade, requalificando também aquela zona da cidade.


Bibliografia
  • http://luisdiascosta.blogs.sapo.pt/10464.html (consultado em 02/Mai/2011)

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